epidemia

hepatite
rubéola
cólera
malária
gripes
suína e espanhola
epidemias amadoras
fracassadas
derrotadas

a verdadeira epidemia é outra
mais forte
cruel
indisciplinada e invencível
desonesta
isônoma
perversa
neurótica
psicótica

destrói vida
coração
sonho
chão
planos
sono
penteado
destrói o amor

deflagra guerras
gritos
sussurros
murros
e percalços

dezenas
milhares
milhões
bilhões de pessoas
sofrem
morrem
padecem
enfermas e desiludidas
constrangidas
perdidas

a paixão é a maior epidemia
e como tal
precisa ser erradicada
destruída
desconstruída
destituída de seu posto
poder
força e posição

é possível lutar contra esse mal
basta se afastar
evitar
pestanejar
chorar
ignorar
e por quê não
desviar

mentira
balela
engodo
embuste
lorota
é impossível vencê-la
evitá-la
impedi-la

não tem remédio
tratamento
cura
ajuda
solução
terapia

nada
não tem nada que resolva
é inerente
intrínseco
imanente
persistente

o jeito é
como sempre
eternamente
repetidamente
novamente
se entregar
e, outra vez
sofrer
e sofrer