Sobre o otimismo e as comparações inevitáveis

Em 1989, Enéas Carneiro foi candidato à presidência, tendo 360.561 votos, 0,53% do total, 12º colocado.

Em 1994, teve 4.671.457 (sim, quatro milhões, seiscentos e setenta e um mil, quatrocentos e cinquenta e sete fucking votos), 7,38% dos votos válidos, sendo o 3º colocado.

Em 1998, teve 1.447.090, contabilizou 2,14% dos votos válidos, 4º colocado.

Em 2000 tentou ser prefeito de São Paulo (quem nunca?) e 2002 elegeu-se deputado federal com maior votação da história para o cargo, ainda hoje não superada. Foram 1.573.112 votos. Reelegeu-se em 2006 e morreu em 2007.

Aí vem a comparação prometida no título: sempre tivemos – e provavelmente continuaremos a ter – candidatos extremistas, barulhentos e com algum apelo popular. Servem de piada à plateia e de ração aos raivosos (racistas, machistas, homofóbicos e criminosos no geral).

Só que lá no fundo, bem no fundo, na contagem dos votos, a perversidade permanece exceção e, parasita que é, à espreita da ignorância alheia.

E cabe também à nós (alô, professores) não permitir que a ignorância se propague e incentivar o pensamento crítico, qualificado, plural e democrático.

É, como dizem, trabalho de formiguinha. Otimismo ingênuo, talvez.

Mas ser otimista a luz da realidade é quase um ato revolucionário.

E necessário.